sábado, 18 de agosto de 2012

Dentro do Espelho - um outro olhar


Naquele momento, Lorraine não pensava em mais nada. Olhou para os pulsos e sorriu. Aproximou-se do pequeno estilete, e o agarrou com toda a fúria. Fitou o olhar nos seus pulsos, e seguiu para o banheiro. Existia um grande espelho onde ela contemplou sua imagem refletida. Estava despedindo-se de si mesma e da vida. Era uma garota jovem, de apenas 18 anos. Tinha um rosto delicado e angelical, acentuado pelos seus olhos verdes e seus cabelos bem escuros.
Lorraine concentrou-se tanto que o estilete caiu no chão. Abaixou-se e rapidamente o apanhou de volta. No mesmo instante, reparou que o espelho estava embaçado. Curvou-se sobre a pequena pia, e começou a limpá-lo com suas mãos. Nesse momento, percebeu outra imagem refletida junto a sua, e deu alguns passos para trás totalmente assustada.
Lorraine escorregou acidentalmente no piso molhado e desmaiou. Nessa hora exata, o que era apenas um reflexo, estava ali parado ao seu lado. E ela nada poderia fazer. O desconhecido aproximou-se do corpo dela e a carregou. Lorraine foi delicadamente colocada desacordada sobre a cama, sendo contemplada pelo desconhecido. Para ele, ela possuía uma beleza frágil, mortal. Ele sabia que a morte era o motivo de sua visita. Todos que buscam morte com o suicídio, recebem uma visita antes do fato. E justamente por esse motivo, eles se atraíram muito mais do que poderia imaginar.
Ela começou a mexer-se. Abriu os olhos lentamente, pois ainda estava atordoada. A primeira reação dela foi querer gritar bem alto, mas o seu esforço foi em vão. O olhar dele foi sarcástico, perante toda aquela situação, e em alguns momentos ele parecia querer sorrir, apesar de manter uma postura mais séria.
Foi então que Lorraine se acalmou, e ele aproximou-se mais. Ela estava muito assustada, e recuou-se. Porém, sem saber exatamente o motivo, teve um desejo de aproximar-se mais do desconhecido, que até então era apenas um estranho, e naquele momento, ela não sabia dizer se tudo aquilo era real, ou foi apenas um sonho.

Foto: deviantart

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Visão

Eu vejo algumas coisas hoje de forma totalmente diferente do que via antes. Cada constatação que dói, termina às vezes em choro, ou então intenção de. Aguardo o dia em que isso não fará mais sentido para mim, quando realmente substituir o significado de certos sentimentos que ainda rondam em mim. Aguardo o dia em que você não fará mais sentido nenhum para mim.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Em algum lugar por aí...

Às vezes me pego pensando no seguinte: você é feliz? Feliz com essa nova vida? Não sei. Só você sabe.
Se você me perguntar se sou feliz nessa minha nova vida, eu sei que não. Não estou feliz.
Fico me perguntando se em algum lugar por aí, em um universo paralelo talvez, os dois de alguma forma são felizes, e talvez até juntos. E eu não estou me referindo a vida de casal, sabe? A vida de duas pessoas que um dia se encontraram por uma amizade.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Pequeno devaneio ao atravessar uma sinaleira

Escolher pode ser até fácil. Difícil é assumir as consequências das suas escolhas sem responsabilizar ou culpabilizar o outro. É simples você dizer: não quero mais estar com você, pois prefiro ficar sozinho para curtir, aproveitar a vida sem muitas responsabilidades. Só que mais fácil ainda é chegar e dizer que a culpa foi da outra pessoa, mesmo que você não diga isso com palavras, mas os gestos, atitudes também dizem isso. E veja só como você fica leve, sem sentir culpa... Só que a outra pessoa não. Ela fica se perguntando o que fez de errado, o que fez de mal, de cruel com você. Até o dia que ela se dá conta de que essa não é uma pergunta a ser feita e nem o tipo de pergunta a ser respondida. E quem fica leve depois dessa conclusão, é ela, ciente de que coisas assim acontecem com mais frequência do que se imagina.